DISFUNÇÕES SEXUAIS
Quando o sexo não vai bem...
Nem sempre o mecanismo da função sexual se desenvolve de forma fácil e espontânea (conforme visto na aba “Sexualidade humana”). Às vezes, uma ou mais fases do ciclo psicossomático da resposta sexual pode estar comprometida, causando as chamadas disfunções sexuais.
De maneira geral, os problemas sexuais podem afetar a fase do desejo, a fase de excitação ou do orgasmo, ou mais de uma fase ao mesmo tempo; já o vaginismo é uma disfunção considerada à parte.
As alterações da função sexual continuam sendo altamente frequentes e causadoras de ansiedade, insegurança, baixa auto-estima e conflitos intra e interpessoais, mas quase sempre podem ser resolvidas através de técnicas específicas de terapia sexual conduzidas por profissional especializado.
Vale lembrar que vencer os mitos e preconceitos pode ser o primeiro passo na direção da resolução desses problemas.
As disfunções descritas a seguir referem-se às queixas mais comuns observadas na clínica sexológica.
INIBIÇÃO OU DIMINUIÇÃO DO DESEJO SEXUAL
Também chamada de “Desejo Sexual Hipoativo”, essa disfunção consiste na diminuição ou ausência de interesse pela atividade sexual, bem como de fantasias eróticas ou pensamentos relativos ao sexo. Acomete ambos os sexos, mas costuma ser uma queixa mais frequente entre as mulheres.
A inibição do desejo sexual pode estar relacionada a uma série de motivos combinados, nos quais podemos incluir certos fatores orgânicos, psicológicos, socioculturais, relacionais e contextuais.
Alterações hormonais, doenças endocrinológicas, efeitos colaterais de determinados medicamentos, depressão e ansiedade podem contribuir para a diminuição do desejo sexual, mas é preciso sempre considerar os fatores emocionais, educacionais, o estilo de vida e a possível existência de algum conflito no relacionamento.
Uma avaliação minuciosa da queixa por profissional especializado é de fundamental importância para determinar a abordagem terapêutica mais indicada para cada caso.
DISFUNÇÃO ERÉTIL
A disfunção erétil é a incapacidade persistente do homem obter e/ou manter uma ereção suficiente para possibilitar uma atividade sexual satisfatória. Era chamada, no passado, de “impotência sexual” e afeta homens de todas as idades.
Está associada a diversos fatores de risco, incluindo alterações metabólicas, vasculares, farmacológicas e psíquicas. Mas, com frequência, a disfunção erétil vem da ansiedade de desempenho, do stress, depressão, insegurança, baixa auto-estima e outros fatores psicológicos que podem afetar o processo da ereção, a maioria deles abordados pelas técnicas de terapia sexual. Quando necessário, pode ser prescrito tratamento medicamentoso de forma simultânea à terapia, mas isso deve ser avaliado caso a caso pelo médico. É preciso sempre investigar as causas do problema e propor o tratamento adequado para cada caso.
Diante desse problema, o importante é vencer o constrangimento, procurar ajuda profissional competente e principalmente evitar a automedicação.
EJACULAÇÃO PRECOCE
Ejaculação precoce, ejaculação prematura e ejaculação rápida são termos utilizados para a situação clínica na qual o homem ejacula antes do que gostaria, tendo pouco ou nenhum controle sobre o reflexo ejaculatório.
Os indivíduos que apresentam ejaculação precoce não percebem claramente as sensações premonitórias do orgasmo. Como resultado, quando é atingido um determinado nível de excitação, a ejaculação ocorre de forma automática e inevitável, geralmente após pouco tempo de estimulação.
A incapacidade de controlar ou retardar a ejaculação é quase sempre acompanhada de sentimentos negativos, tais como angústia, desconforto, frustração e evitação de intimidade. Na maioria das vezes, a ansiedade de desempenho tende a agravar o problema.
O tratamento dessa disfunção costuma dar bons resultados, desde que conduzido por profissional experiente que maneje as técnicas terapêuticas adequadas para a solução do problema.
EJACULAÇÃO RETARDADA OU INIBIÇÃO EJACULATÓRIA
Trata-se da dificuldade ou incapacidade persistente que o homem apresenta em alcançar o limiar da ejaculação numa relação sexual, apesar de receber estímulos considerados adequados e suficientes. Essa condição é geralmente acompanhada de sentimentos negativos como angústia, ansiedade, autocobrança e frustração.
Pode estar associada ao uso de medicamentos que atuam como inibidores da ejaculação, bem como a certas patologias preexistentes ou cirurgias realizadas (consulte seu médico). Porém, como frequentemente a ejaculação é possível com a masturbação, devem ser consideradas alterações comportamentais, psicológicas, relacionais e distúrbios da ansiedade.
A avaliação detalhada por profissional experiente é fundamental para a identificação do problema e o tratamento adequado dessa disfunção.
DIFICULDADE OU INCAPACIDADE DE ATINGIR ORGASMO - ANORGASMIA
Quando a ausência de orgasmo se torna constante, temos o que se chama de anorgasmia, distúrbio sexual mais frequente em mulheres e que gera muitas queixas nos consultórios.
A anorgasmia pode ser primária, quando a pessoa nunca obteve um orgasmo ao longo de toda vida, com nenhum tipo de estímulo. Em geral, há um desconhecimento do que seja a sensação orgásmica e expectativas fantasiosas com relação à mesma. A anorgasmia secundária é quando o orgasmo já foi experimentado algumas vezes, mas por algum motivo (muitas vezes não aparente), deixou de ocorrer. Por fim, a anorgasmia situacional refere-se à dificuldade orgásmica que ocorre somente sob determinadas circunstâncias.
Dentre os fatores que levam a tal quadro, destacam-se de forma praticamente integral os aspectos psicossociais, educacionais e relacionais; fatores orgânicos têm muito baixa relevância.
Mitos e conceitos distorcidos sobre o orgasmo se perpetuam em nossa cultura, por isso a terapia sexual conduzida por profissional especializado é de extrema importância para rever falsas crendices, orientar quanto ao autoconhecimento e ajudar a abrir novas perspectivas para a vivência do prazer sexual.
VAGINISMO
A característica essencial do vaginismo é a contração involuntária da musculatura em torno da vagina, tornando muito difícil ou impossível a penetração vaginal. Em algumas mulheres, basta a previsão da penetração para causar espasmo muscular, e muitas não conseguem nem a manipulação da vulva e da vagina sem que a sensação de medo e pânico as domine. A sensação referida é de dor, mas na verdade o espasmo vaginal é um reflexo condicionado, que ocorre antes do estímulo real; em outras palavras, é a “dor que dói antes de doer”.
As causas do vaginismo não são bem conhecidas, mas pode-se afirmar que nem sempre estão associadas com histórico de abuso sexual, como muitos supõem. Grande parte das mulheres com vaginismo não apresenta outros distúrbios sexuais, podendo ter preservados o desejo, a excitação e o orgasmo, desde que não haja tentativa de penetração. Porém, as repetidas e frustradas tentativas comprometem muito a autoestima da mulher, gerando ansiedade, angústia e sentimento de inferioridade.
O tratamento requer diagnóstico preciso e consiste na aplicação de técnicas específicas de terapia sexual que incluem exercícios de conscientização corporal, autoconhecimento, aprendizado do domínio voluntário das reações musculares genitais e acomodação gradual de dilatadores vaginais, até que a vagina possa estar apta a permitir uma penetração sem dor ou sofrimento.
A taxa de sucesso do tratamento é extremamente alta, o que deve encorajar a mulher a procurar o mais precocemente possível a ajuda de médico especialista em Sexologia, evitando assim a ida de médico em médico, o que só prolonga o problema e gera desgaste com condutas inadequadas.
DOR NA RELAÇÃO SEXUAL DISPAREUNIA
Dispareunia é o nome que se dá à dor genital ou pélvica associada à relação sexual. É uma queixa mais comum entre as mulheres, podendo ser descrita como superficial, quando a dor referida é logo na entrada da vagina, ou profunda, quando há a sensação de dor no baixo ventre durante a atividade sexual com penetração.
A dispareunia pode ser decorrente exclusivamente de uma condição patológica (infecções vaginais, atrofia vaginal, endometriose ou aderências, entre outras) ou decorrente de causas psicossomáticas (p. ex. experiências negativas em relação ao sexo, distúrbios do desejo sexual e/ou da excitação, conflitos relacionais).
A investigação da dispareunia deve sempre incluir uma avaliação médica (ginecológica ou urológica) para identificação e tratamento das possíveis causas orgânicas, mas a abordagem complementar com técnicas de terapia sexual pode ser de grande auxílio no manejo do quadro.